domingo, 1 de janeiro de 2012

O vocábulo Bauru

Profª Marcia Regina Nava Sobreira
Gabriel Ruiz Pelegrina

   Percebe-se o interesse gradativo de pessoas que passam a estudar a História de Bauru. Professores têm escolhido temas sobre Bauru para a elaboração de seus trabalhos de mestrado ou doutorado. Desta forma, voltou-se a atenção para algumas questões que estavam pendentes com relação ao conhecimento público, como a expressão “Custos Vigilat”, a que já nos referimos e, agora, o significado e origem do vocábulo Bauru.
   Foram muitos os estudiosos sobre o assunto, levantando-se as mais diferentes versões sobre o significado do vocábulo, pois sobre a origem todos concordam vir do vocábulo indígena tupy-guarany.
   Quanto ao significado, adotado há muitos anos como sendo “Cesto de frutas ou flores”, acreditamos ser o mais coerente.
  Consultando dois dos grandes estudiosos, Theodoro Sampaio, que foi incumbido pelo Serviço Geográfico e Geológico do Estado de explorar o Paranapanema, isto em 1887, na publicação “O Tupi na Geografia Nacional” editado pela Câmara Municipal do Salvador, 1955, na página 180 consta Bauru, corr. ybá-urú, o cesto de frutas S. Paulo; ainda na p. 303 está ybá, c. yb-á, o que se colhe da árvore, o fruto e na p. 299 Urú, s., nome commum das galinnáceas no tupi. É a ave conhecida. (Odonthophorus dentatus). Designa também um certo tecido de folhas de palma. O outro estudioso é Francisco da Silveira Bueno no livro “Vocábulo Tupi-Guarani Português.” São Paulo, 1983, consta na p. 61 – Bauru – s. De ybá-urú, o cesto de frutas. Cidade de s. Paulo. Na mesma página consta Baú – s. Nome genérico de vermes comestíveis das plantas; e na p. 327 ybá – Fruta, pé de fruta, árvore frutífera; e p. 315 – Urú – s. Ave galiforme da família dos fasianídeos (Odonthophorus capueira) de carne muito apreciada; ainda está Uru – s. Cesto feito com folhas de carnaúba, dotado de alças.
   A título de curiosidade citamos algumas outras versões talvez já de conhecimento geral.
  Conta-se que Sebastião Pereira, em companhia de amigos, familiares e mesmo alguns índios, descia, margeando o atual rio Bauru, em direção ao Tietê. Um dos indígenas que o acompanhavam avistou um uru, ave rasteira, empoleirado numa árvore, e teria gritado:
                        - Ba-uru! Isto é uru na árvore. (Ba-árvore) (uru-ave rasteira).
   Sebastião Pereira, achando muita graça na exclamação, passou a chamar a região pelo nome Bauru.
   Outra versão é o que o nome da cidade teria surgido da palavra indígena “u-pau”: lagoa; ‘uru”: escura. Lagoa escura, e que se referia à lagoa que existia outrora em propriedade de Francisco Ministro Zani e que se situava no início da rua Araújo Leite.
   Tenório de Albuquerque acreditava que a palavra Bauru surgiu de “upau-r-y”, isto é, rio dos banhados.
  Segundo dr. João Mendes de Almeida, estudioso do assunto, a palavra derivou de “inbai-yu-ru”, que significa no linguajar indígena “dependurado, com garganta e redemoinhos”.
  O historiador J. David Jorge, defendia que Bauru veio de “ipaú”, lago ou lagoa, e “u”, água corrente ou rio.
  Os índios que habitavam esta região também eram chamados de “bauruz” no século XIX e início do século XX. Daí o nome da cidade.
  No dicionário da Língua Portuguesa de autoria de Eduardo Faria consta “Baurus” ou “bauré”: rio do Brasil. Atravessa parte da província de Mato Grosso, corre do Sul para o Norte.
  Há muitos anos o advogado e jornalista bauruense Alcides Silva,  autor do livro intitulado “Roteiro Histórico: uma cidade e uma instituição”, escreveu um artigo sobre o vocábulo Bauru, no qual, relata a existência de um rio na África com este nome, presumindo que teria sido trazido pelos escravos para a região.[...]

(Publicado no Jornal da Cidade em 18/8/1991,p. 36)            

Nenhum comentário:

Postar um comentário